Brazuca aciona Ouvidoria de SP contra Anhanguera

Tucson, Arizona, 1 mai 2025

O tradutor e ex-professor brasileiro Oliver Simões, residente nos Estados Unidos há mais de 35 anos, acionou a Ouvidoria do Estado de São Paulo contra a Universidade Anhanguera, parte do Grupo Anhanguera, em razão da burocracia e demora para obtenção da segunda via do seu diploma. Formado pela antiga Faculdade Ibero-Americana em São Paulo, Oliver precisa do diploma atualizado para cumprir uma das exigências da JUCESP  antes de ingressar com um pedido de reconhecimento como tradutor público no Brasil. A Anhanguera é a instituição mantenedora e legalmente responsável pela emissão dos diplomas para os ex-alunos da Ibero. Abaixo segue o teor da reclamação e pedido de providências.

Prezados Senhores:

Há vários meses estou tentando obter uma cópia do meu Diploma atualizado em razão de mudança de nome por ordem judicial. Sou formado pela antiga Faculdade Ibero-Americana, cuja instituição mantenedora é a Universidade Anhanguera (Grupo Anhanguera). Tentei entrar várias vezes em contato com eles por telefone e pelo WhatsApp, mas isso foi impossível uma vez que o atendente automático só dava duas opções:  “Pressione 1 se você já é nosso aluno ou 2 se você pretende ser nosso aluno”. Nenhuma das duas opções se aplica a mim. Resido nos Estados Unidos, o que torna impossível uma visita pessoal a esta instituição para tratar do assunto.

Sendo assim, pedi à minha irmã que fosse à Anhanguera resolver isso para mim. A primeira visita dela foi em vão, disseram que ela teria que ir à Unidade da Vila Mariana. Por volta de 10 ou 11/12/24 ela foi à Vila Mariana, tendo sido atendida por Carolina S, que deu a ela um endereço de email e pediu que eu enviasse alguns documentos. Enviei os documentos solicitados no mesmo dia, esperei várias semanas e não obtive resposta. Enviei um novo email (e minha irmã também) para essa moça, novamente sem resposta. Passadas algumas semanas, encontrei em minha pasta de Spam uma resposta automática dizendo que aquele email não estava mais funcionando. A resposta automática estava datada um dia após a visita da minha irmã à Anhanguera. Em outras palavras, se a funcionária sabia que o email não funcionava, por que nos deu informação errada?

Em 5/3/25 minha sobrinha Marcela foi à Unidade da Vila Mariana, sendo atendida por Gabriel J. S. S. Ela explicou a urgência do pedido, já que preciso do diploma atualizado para solicitar o reconhecimento como tradutor público junto à JUCESP. O funcionário pediu que eu enviasse uma série de documentos, o que fiz enquanto minha sobrinha estava lá. Gabriel afirmou ter recebido todos os documentos enviados ao seu email. Perguntei se estava faltando a procuração ou mais algum outro documento e ele disse à minha sobrinha que não, a documentação estava completa. Prometeu que colocaria minhas informações no sistema e que o diploma estaria pronto para o “download” dentro de 60 dias no máximo. Infelizmente, isso não aconteceu até o momento.

Em 14/4/25, depois de várias tentativas, finalmente consegui entrar no portal do aluno, porém o diploma não estava disponível. Enviei um email ao Gabriel informando o fato e no dia seguinte recebi uma resposta lacônica e evasiva. Enviei outro email cobrando a 2a. via do diploma que havia sido prometido e também fiz dois questionamentos: 1) Por que o portal dizia que alguns documentos estavam “pendentes” se a minha sobrinha já havia entregado toda a documentação pessoalmente? 2) Por que era preciso fazer uma nova solicitação se o pedido já havia sido feito em 5/3? O funcionário respondeu com um pedido de desculpas, justificando que teve que “solicitar a migração da [minha] matrícula no sistema atual” e que nesse processo “[o] time acadêmico teve que criar uma nova matricula no sistema e fazer atualização acadêmica para assim liberar para [o] aluno solicitar [o] diploma via portal.” Disse que foi aberta uma tratativa (CS37374508) com prazo de 24/04/2025 para eu acompanhar.

Quando acessei a tal “nova matrícula” e segui as instruções que ele havia me dado, não consegui concluir a solicitação do diploma. Veja captura de tela em anexo. O sistema pede para justificar o pedido (o que já foi feito pessoalmente no ato da solicitação presencial) e concordar com a cobrança (ILEGAL, diga-se de passagem) pela expedição do diploma. Não há como enviar a solicitação online, mesmo concordando com a cobrança ilegal. Simplesmente não há a opção de enviar os dados. Diante desse dilema. enviei um novo email ao rapaz dando um ultimato para expedir o meu diploma dentro do tempo prometido. Também deixei claro que contemplo a possibilidade de ingressar com uma ação judicial contra a Instituição por violação de direitos e danos materiais.

Portal do Aluno - captura de tela

Como não obtive resposta, entrei em contato telefônico (desta vez consegui porque o meu nome/CPF está no sistema deles). Na chamada de 29/4, uma atendente (chamada Maria) me deu um “chá de espera”, me pediu para aguardar e de vez em quando voltava para dizer que estava tentando contato com alguém, depois ficou muda e simplesmente desapareceu. Desliguei o telefone e liguei em seguida. Depois de alguma espera, alguém atendeu, mas desligou em seguida. Liguei novamente e dessa vez fui surpreendido com uma voz simpática (eletrônica, claro) que dizia que estavam “fora do horário de expediente”. Ontem (30/4) voltei a telefonar e desta vez falei com Thaís, que pediu que eu enviasse novamente os documentos, ao que respondi: “Não vou enviar documentos que já foram entregues e, em segundo lugar, qual é o sentido de enviar os documentos a você se não é você quem expede os diplomas?” Desnecessário dizer que a moça ficou sem resposta porque, de fato, não há o que responder. Suas palavras não passavam de “enrolação” e de chavões típicos de gente que foi treinada para enrolar o cliente e fingir que está fazendo o seu trabalho.

Diante do exposto, solicito providências urgentes no sentido de:

– Obrigar a Universidade Anhanguera a expedir a 2a. via do meu diploma (com o nome retificado) imediatamente.

– Disponibilizar o diploma no Portal do Aluno para que eu possa baixá-lo.

– Obrigar a Universidade a expedir o diploma sem quaisquer encargos financeiros, nos termos do Artigo 9 da Portaria do MEC Nº 1.095, de 25 de outubro de 2018, que transcrevo abaixo:

“Art. 9º A expedição e o registro do diploma, do histórico escolar final e do certificado de conclusão de curso, consideram-se incluídos nos serviços educacionais prestados pela instituição, não ensejando a cobrança de qualquer valor, ressalvada a hipótese de apresentação decorativa, com a utilização de papel ou tratamento gráfico especiais, por opção do aluno.”

Fonte: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/47330359/do1-2018-10-26-portaria-no-1-095-de-25-de-outubro-de-2018-47330016

Para finalizar, sugiro fazer uma auditoria nesta Instituição de Ensino, que, a julgar pelo número de reclamações que tenho lido, está violando, de forma flagrante, os direitos dos alunos e ex-alunos.

Oliver R. Simões
Tradutor, Intérprete e Ex-Professor de Inglês
Email: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Telefone para contato: xxxxxxxxxxxxxxx

Tucson, Arizona, 1 de maio de 2025

PS: A impressão que fica é a de que esta Universidade age com a certeza da impunidade. Esse tipo de comportamento seria impensável aqui nos Estados Unidos. Felizmente aqui, as instituições, de um modo geral, agem dentro da lei e respeitam os cidadãos. No Brasil, parece ser o contrário. Minha irmã comentou esses dias que “[no Brasil] o normal é as coisas não darem certo; quando dão certo a gente até se surpreende.” Que lástima, meus caros conterrâneos, penso que podemos fazer melhor como Nação. Esse tipo de comportamento por parte de uma instituição credenciada pelo governo é, no mínimo, reprovável. Onde estão os órgãos fiscalizadores para coibir esses abusos?