– por Oliver Simões, 24 de novembro de 2025

Ele entrou na minha vida em novembro de 2009, no dia em que eu estava fazendo duas mudanças ao mesmo tempo — carregando coisas do meu escritório para um depósito e levando alguns itens de lá para minha nova casa. É como se eu pudesse ouvir meu amigo Larry dizendo: “Olha, ele está te seguindo!” Quando me virei, vi uma bolota de pelos com dois olhinhos brilhantes me encarando. Ele estava magro e sujo, provavelmente abandonado naquele lugar estéril, cheio de depósitos e vazio de pessoas. Eu o adotei imediatamente (ou talvez ele tenha me adotado primeiro), levei-o para casa, dei banho nele e o alimentei. A partir daquele dia, ele se tornou o amigo mais fiel que eu poderia ter, meu filhinho.

Seguindo a tradição do Larry de dar nomes bíblicos aos seus animais, dei o nome de Angel ao meu amiguinho — e o nome não poderia ser mais apropriado. Ele foi verdadeiramente um anjo da guarda na minha vida. Ele me deu tanto amor incondicional e, de muitas maneiras, me tornou uma pessoa melhor. Ainda sinto sua presença ao meu redor, e frequentemente converso com ele para suavizar o vazio e a solidão que ele deixou.
Eu havia prometido a mim mesmo que não choraria quando finalmente me sentasse para escrever estas memórias, mas enquanto digito estas palavras, não consigo evitar vagar pelos lugares mais profundos do meu coração. É especialmente doloroso revisitar a realidade de como tudo aconteceu.
Na última sexta-feira (21 de novembro), depois de voltar da academia, peguei algo para comer. Como de costume, Angel estava ao lado da mesa de jantar esperando seus petiscos. Depois de comer, levei-o para passear pelo nosso condomínio fechado. Seguimos nosso caminho habitual, parando nos lugares familiares onde ele gostava de cheirar as plantas ou investigar algum cheiro novo. Eventualmente, eu puxava gentilmente sua coleira e seguíamos em frente. Parecia apenas mais um passeio normal. No final, levei-o para o pátio perto do nosso apartamento e o soltei, como já havia feito muitas vezes antes. Tudo parecia rotineiro, como um roteiro familiar com apenas pequenas variações.
Em retrospecto, foi aí que o roteiro terminou e o destino interveio.
Uma das minhas vizinhas saiu com sua cadelinha, Football, e os dois começaram a brincar como sempre faziam. Football gostava de correr em círculos, convidando outros cachorros para se juntarem a ela. Angel brincou um pouco e depois a seguiu enquanto ela entrava em casa. Ele parou no meio do caminho para inspecionar algo embaixo de uma cadeira. De repente, ele pulou para trás e começou a correr. Quando perguntei à minha vizinha o que havia acontecido, ela disse que seu gato estava escondido embaixo da cadeira. Nós rimos, pensando que não era nada incomum. Eu vi o Angel virar a esquina e desaparecer em uma área mais escura. Corri atrás dele, chamando pelo seu nome, mas não consegui encontrá-lo em lugar nenhum. Verifiquei os portões — todos fechados. Perguntei a três vizinhos se o tinham visto. Todos disseram que não. O pânico começou a me dominar enquanto eu me perguntava o que poderia ter acontecido.
Um momento depois, enquanto eu caminhava de volta para o nosso apartamento, ainda procurando, um vizinho gritou: “Ele está aqui!” Quando me aproximei, vi-o apontando para o lago. Ao virar a cabeça, meus olhos se encheram de terror. Uma profunda tristeza me invadiu, como se a terra se abrisse sob meus pés. Lá estava meu pequeno Angel, submerso na água, com a cabeça para baixo e as patinhas traseiras flutuando para cima.
A primeira noite após o incidente foi um pesadelo — mal consegui dormir. No dia seguinte, minha amiga Marlene me ajudou com o enterro. Ele agora descansa em paz em uma área perto da Ajo Way com a Kinney Road, cercado por árvores e arbustos do deserto. Angel adorava aquele lugar. Ele e Jeremiah (meu outro cachorro) ficavam loucos perseguindo os coelhos e outras pequenas criaturas do deserto que viviam lá. Colocá-lo em um lugar que ele amava trouxe um pouco de conforto, mesmo em meio à dor.
Angel era o cachorro mais amoroso. Ele adorava brincar com os outros cãezinhos da comunidade, e todos o adoravam. Uma das moradoras sempre o cumprimentava diretamente. No começo, eu respondia como se fosse o Angel, falando por ele, mas eventualmente parei — na esperança de que minha vizinha percebesse que havia um humano de verdade segurando a guia. 😊 Angel era doce e gentil, e nunca rosnava para outros cachorros a menos que sentisse perigo real. Larry costumava chamá-lo de “tough cookie” (durão), e acho que ele realmente era. Uma vez fomos atacados por um pitbull, e Angel escapou com apenas um pequeno arranhão, enquanto eu levei a pior parte pelo meu leal amiguinho — meu companheiro, meu mundo. Compartilhamos inúmeros momentos de alegria juntos, e sua presença fazia até as rotinas mais simples parecerem especiais.
Angel, papai vai te amar para sempre. Descansa em paz, filhinho.
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| Angel e Jeremiah caminhando, 10 de abril de 2012 | Em casa em Tucson, 23 de julho de 2012 |
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| Minha irmã Su passeando com os cachorros, 10 de abril de 2012. Difícil de acreditar que todos se foram! | Angel e papai, 1º de abril de 2023 |
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| Angel e papai, 20 de junho de 2024 | Última foto do Angel, 17 de novembro de 2025 |
Acima: Local de descanso do Angel, 22 de novembro de 2025. Seu corpo foi envolto em um lençol que ganhei de presente da minha mãe, já falecida. A pedra branca no topo foi um presente especial do meu vizinho Al para a ocasião. Nela, escrevi: ANGEL ❤️ Descansa em Paz.
À direita: Angel e Mike no Céu dos Cães. Montagem feita por IA pela minha sobrinha Leticia. Mike era o querido cãozinho da mãe dela, que faleceu aos 7 anos. |
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Acima: Local de descanso do Angel, 22 de novembro de 2025. Seu corpo foi envolto em um lençol que ganhei de presente da minha mãe, já falecida. A pedra branca no topo foi um presente especial do meu vizinho Al para a ocasião. Nela, escrevi: ANGEL ❤️ Descansa em Paz.

Meus sentimentos, meu querido irmão!
Que pena, que triste que perdeu o filhinho Angel, que Deus conforte seu coração meu amado.
Creio que ele correu pra vc n ver ele morto, dizem que eles geralmente fazem isso para n entristecer as pessoas que amam, mas ele de tanto amor a vc e por conhece lo, sabia que iria te deixar mais triste e preocupado.
Eu tinha o taisom que desapareceu antes de morrer,estava velhinho, vi ele subindo a rodovia, chamei ele pra casa, novamente ele sumiu e desapareceu, pedi ate para o pessoal do Der procurar mas nunca mais encontramos, que triste!
Eu e a Julia lembramos dele até hj, como n lembrar de um amor, carinho e companheirismo tão puro e verdadeiro.
Deus abençoe ! Abraços
Obrigado, meu querido irmão. O amor deles realmente é tão puro e verdadeiro. E como são companheiros! Deus abençoe você(s) também. Um forte abraço.
Angel foi muito amado, teve o melhor tutor do mundo.
Descanse em paz ai no céu dos cachorrinhos.
Obrigado, Neu. O meu anjinho está descansando em paz. E o Mike também. A foto dos dois que a Letícia fez ficou tão linda. Quando voltar para o Brasil, quero imprimir em tamanho gigante para colocar na parede. 🙂